domingo, 20 de fevereiro de 2011

Com carinho, aos corações exaustos.


Confiei quase cegamente em todo e qualquer sentimento que eu era capaz de sentir, via logo a frente muros e becos sem saídas e continuei seguindo por que ao meu ver eu era forte o suficiente e destruiria cada barreira que me impedisse de ir em frente. Eu não busquei outros caminhos foi exatamente isso, eu escalei os muros e no final cortei as mãos nos cacos de vidro. Me aproximei dos becos sem saídas e dei de cara com cobras e bichos alucinantes que eu era incapaz de reconhecer, me perdi.


Meu fôlego era zero em questão de corrida então fiquei parada, estática, quase projeto de múmia. Analisei e ali estava errando o cálculo matemático novamente, contemplando sentimentos fechados, intermináveis, inacabados, perigosos, eu poderia morrer, mas só isso não parecia me motivar a parar. Sempre fui a última pessoa a perder as esperanças, a ver o erro, não sei se creio cegamente em algumas teorias ou sou ingênua demais à malícia do ser humano. Sou criança, quase indefesa, mas escondo o perigo.


Sou quase encantada se não fosse pela teimosia acelerada e a irônia descontrolada. Sorriso de canto, ar de deboche, arranco a raiva das pessoas, quase matam-me pelos pensamentos, mas encaro como mulher de alma. Quase como quando uma aranha faz a teia, quase como quando a cobra libera o veneno, tenho no meu lado esquerdo o veneno mais perigoso que fui capaz de conhecer: amar demais às pessoas sem garantia de que as mesmas façam o mesmo por mim. Me machuco por dentro, cortando as minhas veias, meu pulso, queria ser capaz de cortar laços também, meu coração não perderia o fôlego e eu criaria vontade de continuar ou se quer renovar.


Não consigo, não posso me desprender de alguns cordões umbilicais, vai faltar ar, alimento, eu ainda não estou pronta para sair, eu quero ficar aqui dentro, meu mundo, seu mundo - muito contraditório e complexo - meu olhar infantil não consegue encarar, minha alma muito ligeira e sacana quase me abandona quando as lágrimas me procuram, quando estou triste até mesmo uma parte de mim me abandona, vai embora, me espera na esquina. A largada é dada, mas vou como uma tartaruga e vejo a lebre logo a mil km de distância e eu que considerava ela minha amiga. Tartaruga e lebre, logo como Coração e razão... Andavam juntos até cada um aprender a amar de maneiras diferentes, se separaram e agora não se encontram a não ser quando competem.


Competitiva, compreensiva, melosa, dengosa, admiradora secreta. Cuido por tras das camêras meu amor mais impossivel, muito possessiva, olhar meio por baixo, atravesso as leis da razão e chego logo ao coração batendo descontroladamente, pulsando sangue até mesmo para a parte mais escondida do meu corpo. Passo os olhos ligeiramente e vejo-o logo a frente,abanando, por um momento vi meu cordão umbilical sendo cortado e cai logo depois, ele corria de mim, soltou minha mão e não me esperou na esquina, o sorriso estava em cartazes enormes na rua, aquilo cortava meu coração mais do que os cacos de vidro cortaram minhas mãos, os pedaços cravados de canto a canto fez parar de pulsar. PAROU!


Ficou exausto, se tivesse língua a mesma estaria pra fora ou poderia ser engolida, mas não tem língua, não tem olhos, não se alimenta, não é capaz de criar vingança, não consegue desejar o mal, entào parou, sem forças, totalmente pálido, o vermelho que lhe transmitia além de amor, harmonia... tranformou-se em cinza, sem forças e com as pernas cansadas, quase paralítico, sem conseguir coordernar a cadeira de rodas. As veias entupiram, mas a esperança continuava em pé, segurando não só as pontas, mas guiando a cadeira, acabou com a guerra, trouxe paz e está cuidando agora do pequenino que precisa recuperar a coloração e a vontade de sentir.


O mesmo me contou em segredo que disse adeus quando não precisava, mas não quebrou por que a razão ajudou, agora em prantos ele conta que não consegue avistar a razão por motivos óbvios: de tanto sentir o coração sem querer mandou-a embora, sozinho ficou. Assim como histórias em quadrinhos ou contos da disney, minha novela é diferente, é antônima à todas as outras, chegou ao final e o sorriso não apareceu, não foi feliz e o aprendizado não resistiu àquelas borrachas totalmente poderosas - foi apagado.


Está á base de soros, alimentos em forma líquida e recuperando o fôlego, tenho a impressão de que sensações assim demoram para passar, se é que passam, tenho o pressentimento de que não terei mais forças para reconstruir o coração, ferimentos graves sempre deixam sequelas e dessa vez o corte profundo deixará uma marca inesquecível, além de exausto, da língua pra fora, dos batimentos chegando ao zero, oscilando, quase gritando e não obtendo sucesso, meu pequeno tem o dom de não sentir rancor, pode sentir angústia, quase ser sufocado pela tristeza, mas tem sempre a capacidade de brilhar e irradiar áqueles que estão na mesma situação que ele agora.


Com carinho, aos corações exaustos

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