segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Para que tanto amor?

O relógio tiquetaqueava sem parar, eram cinco e meia da manhã e o sono não vinha. Sentei na cama e comecei a olhar-me no espelho, às vezes eu me achava realmente bonita, por outras vezes nem conseguia me olhar direito, me enojava com aquele cabelo volumoso e com aquelas coxas grandes demais. Naquela noite até mesmo minha sombra me irritava, se é que existia sombra naquela escuridão toda.

Fui ao banheiro com passos rápidos, sinceramente tinha a certeza de que eu era a pessoa que mais tinha medo do escuro, eu sentia arrepios estranhos e via vultos com freqüência atrás de mim, deveria ser loucura. Não sei por que a insônia me perseguia tanto, não havia motivos suficientes para eu perder o sono, eu tinha uma condição estável de vida, uma família linda, amigos maravilhosos, mas o problema mesmo era ter amor demais. Eu tinha o dom de amar as coisas e as pessoas com uma intensidade indescritível, aquilo era patético, por que machucava à mim e as pessoas ao meu redor.

Para que tanto cuidado com as pessoas? Se amanhã elas podem nem estar mais aqui? Por que evitar falar certas verdades quando elas mais precisam ouvir? Por que ser sempre bacana? Não é certo e muito menos necessário nos escondermos atrás de mascaras baratas. Chega uma hora em que é necessário perguntar a si mesmo para que tanto amor e cuidado com as coisas que não são suas. Somos ignorantes, sentimos falta de coisas que podemos ter a todo instante, queremos tanto dar valor as coisas pequenas que nem sequer valorizamos a nós mesmos.

Bando de gente sem visão da realidade. Um dia tudo termina um dia nós nos terminamos e seremos felizes em outros cantos. Ao virar a esquina eu posso não estar mais aqui. Ao terminar a quadra eu posso descobrir um novo mundo, novas formas de começar uma nova história, eu posso mudar, eu devo mudar.

São as mudanças que fazem nossas bases ficarem mais fortes, são as iniciativas que nos cercam de pessoas saudáveis e certas para continuarmos a viver.

Desliguei a luz do banheiro e liguei a luz do quarto, o sábado não estava começando muito bem, aquela dose de amor me invadia, às vezes me embrulhava o estomago como eu poderia ser tão boa? Por que eu não sentia vontade de matar as pessoas que já me fizeram mal? Por que as lágrimas escorriam sobre minhas bochechas sem motivos? Tomei um remédio e deitei na cama, apostava tudo que era mais seguro que eu estava variando em pensamentos novamente, isso já era rotina, suspirei no meu travesseiro, deitei de bruços e naquele momento a única certeza que eu tinha era de que amor em doses muito altas poderia fazer mal à um coração tão bom.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Deixe estar como está;


Eram prédios gigantescos concluindo a rua, as portas feitas de aço desrespeitavam completamente a natureza, vidraças transpareciam a minha imagem, eu tentava arrumar meu cabelo o mais rápido possível, naquele momento a aparência importava, eu não sabia o porquê, mas parecia que eu estava indo de encontro à vida. Uma nova vida.

Havia cachorros latindo nas varandas, gatos subindo pelo corrimão e o porteiro daquele prédio enorme falava no telefone sem parar. Eu me sentia uma intrusa, minha roupa era impecável, um calçado rosa-claro, uma jaqueta prateada e um Sol deslumbrante, eu era uma nova estrela. Desisti, não sei por qual motivo nessa mesma hora apareceram mil gotas de orvalho com as mesmas escritas, eu deveria ter outra história, ser reconhecida por outros gestos, ir de encontro aos meus sentimentos, seguir a razão já não era mais a coisa certa a fazer.

Tirei a sandália e tentei virar a esquina o mais rápido possível e lá estava minha calmaria, era a visão perfeita, carros parando no semáforo, gaivotas seguindo seu rumo, a brisa batendo no meu rosto e as águas batendo nas pedras faziam todo o sentido. As horas sempre passavam voando, era inútil contar os milésimos em um mundo onde nem sequer os dias são contados como verdadeiras experiências. Era incrível como eu conseguia me manter aquecida por muito tempo, como eu conseguia ser minha melhor amiga e a própria salvadora dos meus problemas, eu mesma fazia o papel de um verdadeiro ouvinte.

Passei meu pensamento por cicatrizes abertas, doeram muito, elas custavam a sarar, aquilo parecia não ter cura, para mim já era tido como uma dor crônica fazia parte de mim e de cada buraquinho que estava aberto. Havia também espinhos gigantes que machucavam as pessoas indefesas, o que feria era saber que aquilo parecia mais incontrolável do que nunca, era uma sedução dolorosa, por que havia de ser tão atraente? Machucaria a todos com a mesma maneira e no final tudo ficaria igual, eu teria forças e poderes para sair da pior e deixar de sentir meu machucado, mas certas pessoas sairiam tão chocadas capazes de nunca mais voltar.

Chegava a ser trágico, há tempos atrás alguma coisa me convenceu de que era desesperador, meu calor atraia os mais frios, os mais necessitados de solidão, eu era o problema que todos queriam resolver a calma para os mais aflitos, o conselho para os mais necessitados, o sorriso para os mais tristes e o escudo para os mais fracos. Eu sempre estive ali, com o olhar reto, sem medo de olhar para frente, sem medo de pedir ajudar, levando o mundo nas costas. Dia sim, dia não eu tinha pose de super-heroína, o lado materno de maioria das pessoas que me cercavam.

Mas eu não fazia a mínima como eu poderia sair dos meus pensamentos inacabáveis, dos meus problemas pela metade, da minha vida mais ou menos, do meu olhar sempre buscando uma nova meta, eu não sabia como descarregar as energias, quebrar as esperanças, construir novos caminhos. Eu não sabia como criar novas experiências cientificas, novos filmes, chegar à novas fases, eu tinha um ciclo e um mundo tão fechado que eles eram capazes de fazer eu me perder sem ao menos buscar novas saídas.

A chuva começou, o ônibus passou antes que eu pudesse perceber que eu o perdi, tinha a certeza de que eu deveria continuar pensando sobre minhas histórias inacabadas em um lugar que fosse seguro para mim e para minhas perspectivas, por que o único jeito de terminá-las sem perdê-las era guardá-las em um poço tão fundo capaz de levar junto até mesmo a ferida mais dolorosa.

domingo, 19 de setembro de 2010

Lugar Perfeito no Meu Peito


Se algum lugar fosse tão bonito capaz de me fazer esquecer as coisas ruins eu me mudava para lá, se esse lugar existisse, eu seria feliz o suficiente para seguir em frente e me esquecer das tristezas, eu viveria em paz, levaria comigo as pessoas que mais me fizeram feliz, se esse lugar existisse, eu queria poder inventar ainda mais coisas, criar ainda mais palavras e outros significados para a ALEGRIA!
Nessa história onde o impossível acontece, depende de você, nessa história onde há finais felizes, só a Disney ganha dinheiro com isso, então se tudo depende de nós e a Disney inventa o que quiser, por que ainda insistimos em amor? Se princesas e príncipes hoje já não existem, os castelos perfeitos e os cavalos sempre foram histórias criadas para nos iludir?
Bons tempos aqueles, não?
Insistimos no amor por que sempre vamos querer uma pessoa que nos faz bem ao nosso lado, por que acreditamos que ainda existe nossa outra metade, mas por que acreditamos nisso se nós já nascemos inteiros, e a outra metade encontra em nós mesmo?
Tantas perguntas para poucas respostas me fazem pensar ainda mais que eu vim aqui pra sempre amar mais uma vez , que eu vim aqui para aprender o que é mesmo amar, acreditar, confiar e quebrar a cara sempre com pessoas que não me merecem.
Então por que acreditamos que o inesquecível não se deve esquecer? E todo 1º é o melhor?
Ninguém nos contou que por mais que as coisas sejam inesquecível ninguém se lembra delas pro resto da vida, esqueceram de avisar que o 1º sempre é melhor por que ainda não se experimentou o segundo quem dirá o terceiro!
Então por que o conceito de amar é se prender em uma coleira sem aproveitar a vida?
Deve ser por que o verdadeiro conceito de amar só descobriu aqueles que realmente viveram, pois se prender a uma coleira é coisa de cachorro e o conceito de amor só vai daqueles que viveram experiências proveitosas para suas vidas!
Então por que vivemos sempre em busca da felicidade e se algo dá errado vivemos nos condenando a infelicidade?
Será que alguém esqueceu de contar para nós que a felicidade não tem hora marcada, que experiências dão errado a qualquer hora e que você só vai descobrir que é infeliz o dia em que tudo estiver acabando para você?
Eu voltaria aquele lugar perfeito e buscaria tudo que eu deixei por lá, não preciso mais de lugar perfeito, pessoas perfeitas, não preciso mais do meu mundo fechado, eu preciso julgar menos as pessoas, preciso aprender mais com o amor, preciso mais da minha felicidade interna, e coração mais aberto, preciso crescer e viver muito mais, por que eu quero mesmo amor de verdade, mas em primeiro lugar eu quero descobrir as coisas proveitosas da minha vida, ver que eu sou inteira o suficiente para não sofrer mais de amor e forte demais pra dizer adeus todas as vezes que as pessoas sumirem de minha vista e levarem um pedacinho de mim;

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Abraço Apertado


"Desde criança, meu sonho era ter uma melhor amiga, a pessoa que eu pudesse dividir experiências, momentos, contar meus segredos mais absurdos, meus desejos mais profundos, meus medos mais sóbrios, minhas ideias mais malucas, minhas teorias mais inaceitáveis.

Essa missão nunca foi fácil, eu sempre tive amigas que foram muito mais do que isso, elas eram minhas irmãs, pessoas em que eu confiava minha vida em si. Tinha manias e elas as aguentavam como se fossem delas mesmas, eu tinha companheiras de luta, cúmplices de histórias sem noção, amigas que tinham uma imaginação e criatividade muito além do normal, sonhavámos em sermos pra sempre. Se não fosse o acaso acabar com quase-tudo, nos afastamos, viviamos longe uma das outras, passamos a ter visões diferentes, perspectivas de um mundo totalmente anormal uma para outra, tantas igualdades haviam sido desprezadas naquele exato momento.

Eu estava sozinha, eu sentia isso. E nada mais poderia doer mais do que aquilo. Caminhei, corri, segui. Meses depois, colégio novo, pessoas compleamente estranhas, eu vi de longe uma garota de bolsa amarela com preto, Everlast escrito em um tamanho razoável, ela usava uma calça de marca, a camisa do uniforme, um calçado super-fofo e um casaquinho que completava tudo, seu olho era um verde muito mais estranho, seu cabelo tinha um tom castanho-claro e ela não sorria. Sorri angustiada, ela era a garota mais natural que eu já havia visto e eu nem se quer sabia seu nome. Sentamos próximas, e por acaso falamos algumas palavras, palavras bobas, mas eu já sabia seu nome.

Era ela, era a Carolina. Foram tempos de conhecimento, conversa, não tinhamos nada em comum, mas ela me encantava, seu jeito simples, seu jeito complicado de ver as coisas, aquele mau-humor matinal me irritava, aquele ciúmes bobo me dava náuseas, mas naquele momento ela era a luz no fim do túnel, um novo caminho para mim, ela era a salvadora dos meus sonhos, desconfiava de cada passo que as pessoas davam, amava mandar e odiava ser contrariada, ela era infantil e odiava que eu apontasse seus defeitos. Ela tinha problemas, mas acima de tudo ela tinha à mim.

Amiga, ela era minha verdadeira amiga, tinhamos segredos incontáveis, olhares que dividiam pensamentos, duvidas e angústias, tínhamos um faro para resolvermos problemas, mas contínuavamos tendo algumas coisas diferentes, ela me ensinou a ser uma pessoa melhor, a controlar meus sentimentos, pensar, pensar de novo, ela me ensinou a ser possessiva com as pessoas, à desconfiar de muitas histórias, me ensinou uma visão diferente do mundo.

Tinhamos passos apressados pelas ruas escuras, buscavamos luz de vez em quando, tínhamos brigas desnecessárias, pensamentos ao contrário, às vezes nos sentiamos como copos quebrados, como corações com batidas desaceleradas, não víamos soluções, mas tinhamos uma à outra. Era irmandade, precisavamos ter o mesmo sangue, nos amavamos, enfrentavamos tudo uma pela outra.

Eu nunca tive tempo o suficiente para agradecê-lá por tudo que ela já havia feito por mim, por cada passo em falso, pelos abraços apertados, pelos conselhos, pelos olhares sinceros, pelas respostas, pelo orgulho, pela admiração que ela sente por mim. Nunca tive tempo de agradecer o valor que ela havia dado á nossa amizade, pela calma que ela me passava, pela pessoa indescritivel que ela é.

Vi por um pequeno reflexo ela sumir da minha vida, ela estava indo embora, eu não poderia ficar sem ela, nem agora nem nunca mais, não poderíamos nos separar, tínhamos laços invisiveis, estavamos ligadas, estavamos comprometidas, éramos uma ligação perfeita, assim como h20, se é que isso é uma ligação. Eu não aguentaria ficar sozinha, nem mesmo caminhar por entre as ruas sem alguém para segurar a minha mão, eu não tinha o poder de sorrir sozinha em frente ao espelho, eu não tinha o dom de me suportar, eu precisava dela assim como um coração precisava de batidas.

Aprendi que pode demorar muito para existir alguém que nos complete, que o tempo pode falhar, que alguns amigos por mais verdadeiros que sejam devem seguir suas vidas, que o acaso nos surpreende e termina com os planos mais concretos que possamos imaginar, mas sempre haverá alguém que você fará você vencer o acaso, alguém que lhe fará aproveitar o momento, sonhar, lutar pelos seus sonhos, crescer, crescer como pessoa, sentir, sentir amizade e confiança acima de tudo, e essa pessoa é você amiga, te amo muito, estarei sempre ao seu lado."

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Soneto à Minha Querida

Ah! Que desespero és, Minha Querida,
Que sempre me tens assim tão assustado,
E, de susto, me tens num beijo apaixonado
E, de paixão, sem querer, me tens a vida.

Hoje, me confessas e me beijas escondida,
E se amanhã me quiseres mais que amigo,
Me chame a qualquer hora, que venho ter contigo
E recuperar minha alegria em ti perdida.

Ah! Quando ele tomou, na sua,a tua mão,
Senti-lhe rasgar meu peito e meu coração.
Da angústia e do ciúme bebi o Fel,

Mas agora bebo, no teu abraço quente,
Nas tuas palavras doces, no teu beijo ardente,
Do mais alvo encanto o mel.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Caçador de Palavras


"Tinha minhas próprias dúvidas sobre aquilo que eu realmente escrevia ou queria escrever, tudo aquilo era muito dificil pra mim, eu tinha que ter ideias, pensamentos, teorias, tudo concreto em minha mente e o melhor era criar figuras de linguagem para montar todas essas alucinações ridiculas.

Eu era uma maluca pensante, queria crer que eu poderia criar minhas próprias teorias e delas tirar a origem da vida, ser o próprio Deus e acreditar que eu conseguiria viver somente de líquidos. Ah, que bom seria se pudessemos criar histórias, ilusões e viver delas.

Eu era absurdamente teimosa, tinha uma inteligência considerável, um pensamento fechado e combinações capazes de me fazer ter crises de identidade. Existiam momentos em que eu não sabia realmente quem eu era, eu caçava palavras, buscava tristezas, pendurava a felicidade, enforcava a esperança, por outras eu sabia exatamente o que queria e batalhava pelos meus sonhos, meus objetivos sem nem mesmo pensar me mudar o foco.

Eu era errante, haviam épocas em que eu não sabia que estava seguindo, eras em que meu ser era incapacitado de tomar decisões, eu era proibida de pensar por mim mesma. Eu não afogava minhas mágoas em pessoas, em coisas, em comidas e muito menos em bebidas, eu era meu próprio poço de afogamento. Era meu próprio refúgio quando procurava felicidade, eu era capaz de encontrar em mim tudo o que pessoas normais buscam uma nas outras.

Eu era a minha própria borracha mágica, haviam semanas em que eu me tornava a melhor pessoa mundo, outras eu era a vilã da minha história.

Eu sempre tive a capacidade de escrever e reescrever a minha vida, apagar, colocar parênteses, pontos finais, começar um novo parágrafo, acrescentar uma fala, destruir detalhes sórdidos, naquele momento e em todos os outros eu era a caçadora de palavras dos meus textos inacabados, a escritora de poesias inexistentes, a criadora de artigos sem nexo e a autora de mais uma redação sem potência alguma."

domingo, 12 de setembro de 2010

Dedicação Total à Você.


" Era Julho de 2009
, eu estava no Rio Grande do Sul, vento frio, neblina, estava prestes à nevar. Em algum lugar longe dali, minha mãe estava esperando o nosso novo presente, ela iluminaria a familia, traria paz, eliminaria as desavenças, as cargas negativas.


Estava tudo certo, ela nasceria três dias após eu voltar pra casa, eu iria ao hospital, a cesaria seria tranquila, cuidaria dela e da mamãe, mas não foi bem isso que ocorreu. Eram cinco da manhã, continuava frio, aquela cama gigantesca na qual eu dormia me aquecia juntamente com aquele lençol térmico, minha dinda me acordou, me abraçou e disse: 'Vamos rezar, ela esta prestes à chegar, apressada assim como a irmã!'

Eu não aceitei a ideia, ela não poderia nascer sem mim, eu a cuidara durante toda a gravidez, ela também era minha, cada angústia, cada chute, cada reviravolta, cada enjôo, eu estava prestes à ter um colapso nervoso, minha irmã nasceria sem que eu pudesse ver. Procurei me acalmar, pedir à todos os santos, com todas as forças que tudo corresse bem, a vida da minha mãe também estava em risco, ela não tinha forças pra ter um parto normal, ela precisva de mim, meu pai também estava sozinho. Aaaah, como somos unidos, precisa
mos um de outro para cada passo, duvida e incerteza que surgiam.

Não lembro do que aconteceu depois, eu dormi, sonhei e acordei assustada. Já eram nove horas da manhã, meu pai ligou, a voz era trêmula, a felicidade era tanta que me contagiou: ELAAAAAA NASCEU!
Eu conseguia ouvir o choro dela do outro lado, ela tinha o choro mais perfeito que eu ja havia escutado, ela era minha também, ela era indefesa, eu precisava pegá-la no colo.

Chorei, a sensação era de alivio, de felicidade, emoção incontrolável, ninguém poderia sentir-se tão bem quanto eu naquele momento. Agora éramos duas parceiras de momentos bons e ruins, eu a ajudaria em qualquer situação. Passaram-se três dias até eu poder voltar para casa, minha mãe já estava em casa cuidando da minha nova relíquia, a viagem era longa e a ansiedade ainda mais, estávamos chegando, eu conseguia avistar a minha casa! Desci do carro correndo, peguei minhas malas e subi aquelas escadas na velocidade da luz, vi meu cachorro acoando e passei correndo, havia um silêncio, uma páz natural quando abri a porta, parecia que haviam anjos ao meu redor, espiritos, não via a hora de conhecê-lá.

Entrei no quarto pé por pé, ela estava na sua hora de meditação, ela estava mamando, olhei-a com o maior amor do mundo, como eu poderia amar alguém tanto assim?
Eu não conseguia não amá-la, ela era a minha esperança, olhei para cima com os olhos cheios de lágrimas, minha mãe estava sentindo a mesma coisa que eu, abracei-a com todo amor e dedicação que alguém poderia ter, meu pai chegou logo atras, agora sim a familia estava completa.

Nada no mundo poderia destruir aquilo, a familia, o amor entre ambos, a união, nada poderia recompensar isso, tinhamos uma vida a mais, algo a mais para nos preocuparmos, alguém a mais para amarmos e isso, DINHEIRO NENHUM COMPRA. "


quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Recordar, viver, mudar!


"Eu acordei triste, mais um dia em que eu tinha a certeza de que precisava mesmo era sumir. Assim como na semana passada, no mês passado e no retrasado, as coisas estavam ficando repetitivas, eu precisava de novos desafios, apostas comigo mesma no meio da rua não bastavam.

Eu não aguentaria mias uma semana daquele mesmo jeito, resolvi ceder ao meu desejo de conversar com meu colega do lado, ele nunca abria a boca, era um tremendo de um mal-humorado, mas eu precisava reativar minha vida social, já era a hora de parar com as músicas tristes e poeminhas na ultima folha do caderno, eu queria mesmo era ter personalidade.

Disse 'Oi' e ele me respondeu mal e porcamente, aquele garoto estava me deixando nervosa, eu definitivamente odiava o jeito quieto e observador dele, eu precisava conquistar a amizade dele, eu estava novamente apostando comigo mesma, era ínicio do ano, eu tinha tempo suficiente.

Meses passaram-se foi um meio tempo bom pra mim, pude me conhecer e me admirar mais por causa dele, aquele garoto tinha uma visão das coisas, era incrível, impressionante, ele me admirava, eu era totalmente o seu oposto, mas nos entendíamos tão bem, mas eu tinha a certeza que não nascemos um para o outro, aquela história de par perfeito já me repugnava há meses. Consegui uma amizade tão indescritível, eu podia ser eu mesma sem que as pessoas reclamassem, eu era admirada, as pessoas gostavam do meu jeito simpático, ele havia melhorado alguns defeitos meus, e vice-versa, ele tinha brincadeiras irritantes, ele tirava comigo o dia inteiro e tocava violão como ninguém.

Tinha ele como um irmão que eu não tive e tinha muito medo de perder, tinha medo do que o futuro poderia fazer com a gente, medo de ficarmos distantes, ele me passava segurança, me fazia sorrir, agora até acho que pensei alto demais, estávamos distantes de uma hora pra outra, eu só poderia ter errado em algo, claro, eu sempre fui o erro, a mutante entre todos, mas pra mim ele realmente admirava isso, ao menos eu era a anormal.

Sofri, sofri de novo, sentia falta dele, mas acho que se as amziades forem fortes as coisas sempre vão voltar ao mesmo lugar, o mundo dá voltas, têm períodos de tempo, tem tempos de adaptação, o mundo têm o período da mudança, o período do afastamento, mas nunca, nunca mesmo o período do Esquecimento."


p.s: te amo meu amigo!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Entre Teus Dedos



" Estava frio, estava com uma preguiça infinita, eu não queria levantar, eu não deveria levantar.

Era quinta-feira, prova de português incendiava meus pensamentos, destruía com todos os bons sonhos que eu havia planejado àquela manhã. Eu estava com medo de ir para a escola, medo de alguma coisa que eu pudesse encontrar lá, eu tinha amigos, bons amigos por sinal, mas algo faltava-me.

Não sei se era carinho, abraço ou ternura, eu precisava melhorar meu jeito. Meu jeito de andar, sorrir, pensar, agir e falar. Parecia mais uma depressão que me corroía aos poucos, ás vezes ela era meu melhor refúgio, ás vezes minha inimiga, eu não queria precisar dela, mas eu já havia criado um vínculo muito intenso para cortar as raízes de tal maneira.

Levantei da cama, escovei os dentes, desliguei a luz do banheiro e fui para a sala.
Peguei minha bolsa e fui rumo à porta, coloquei uma música não muito agradável no som do carro e segui pensando na vida e no quanto ela havia mudado nesses últimos 2 anos. Eu era uma pessoa totalmente diferente, eu havia mudado da cabeça aos pés sem nem mesmo perceber, as pessoas estavam mais bonitas, mas dificilmente me encantavam, parecia que eu já conhecia o truque dos humanos, eles não tinham mais graça, estava à procura de um ser que me surpreendesse e me conquistasse todos os dias. Como se fosse sempre a primeira vez.

Naquela mesma hora me toquei que estava presa à um paixão do passado.

'Eu me prendi entre teus dedos, quando peguei na tua mão, eu me tornei você tão cedo, quando senti teu coração, junto ao meu.'

Era Reação em Cadeia estreiando sua nova música, falava absolutamente tudo, eu deveria buscar outro abrigo, deveria descansar, buscar novos rumos. Precisava de um novo lar, deixar a luz do Sol entrar. Eu era uma rocha, eu era forte, resistente, dificilmente chorava e não deixava me abalar tão facilmente, anos de experiências e tardes de racaídas foram uma boa para aprender a lidar com situações dificeis como uma paixão do passado.

Eu já estava sonhando acordada, estava perdendo de admirar a beira-mar, mas quantas vezes eu deixei de admirar à mim mesma por motivos totalmente inúteis? Todos esses pensamentos eram a prova de que eu estava crescendo e precisava de bases para não cair, eu tinha bases, tinha amigos, tinha à mim mesma.

Entre Teus dedos eu já não estava mais perdida, havia soltado às mãos, aprendi que nunca se deve andar entrelaçada, pois o risco que você corre de cair é muito maior. "

Inutilia Truncat !





terça-feira, 7 de setembro de 2010

Mal-Me-Quer


"Eram 8 horas da manhã de um domingo qualquer.

Era verão e o Sol brilhava intensamente, abri a porta do quarto e fui até a cozinha com passos lentos, abri a geladeira e bebi água.

Aquele sonho me perseguia, Ele me perseguia.

Voltei para o quarto, coloquei o biquíni e como de costume não passei protetor, bela praia me esperava. Abri a porta de casa e como sempre me encantava com o jardim imenso que mamãe cultivava. Árvores, diversos tipos de folhagem e minha favorita: Bem-me-quer, Mal-me-quer. Arranquei duas e sai pelo portão, eu sabia exatamente que essa flor não diria nada sobre meu futuro e nem mesmo sobre meu presente, mas eu insistia em tirar pétalas e mais pétalas, para testar a minha sorte, que há tempos falhava comigo.

Eu tinha certeza que ele não me queria e aquilo sim era o fim do mundo. Era ruim vê-lo com outra, mas pior ainda era saber que ele nem por um instante me desejou.

Ele era mais velho, tinha cabelo de lado, estilo que até eu invejava. Aquele sorriso iluminava e sua altura era exatamente proporcional á ele.

Já eu, estatura média, gordinha demais, cabelo cacheado, olhos castanho, um sorriso legal e uma sinceridade fora do comum, nada que pudesse realmente ser aproveitado.

Droga de pensamentos, droga de coração, malditos dias repetitivos, eu estava cansada de me machucar. A praia era um belo lugar para deixar as preocupações de lado, ele era uma boa pessoa para me fazer esquecer os problemas, mas por que ele não estava ali? Por que eu não o encantava, o que ele realmente gostaria?

Nunca fui de largar minhas coisas, mudar de plano ou simplesmente mudar as ações, mas eu devia mandar-lo parar de perseguir meus sonhos e a melhor maneira de fazer isso era falando com ele. Levantei correndo, peguei minha toalha e fui caminhando até sua casa, não era tão longe, mas havia borboletas em meu estomago que me faziam para de vez em quando. Tudo embrulhava, fazia um barulho estranho, minhas pernas tremiam e tudo parecia girar, ele me deixava fora de mim, eu estava em outro planeta!

Naquele momento estavam passando em minha cabeça um turbilhão de palavras que eram capazes de estragar tudo, eu estava prestes a chegar naquela casa gigante, olhei pro lado e lá estava eu, boba, com palavras até mesmo saindo pelos olhos, aquilo não era normal.

Apertei a campainha com a mão suada, segundos depois ele apareceu, por que ele havia de ser tão lindo? Por que ele tinha que estar sem camisa?

Não esperei e logo fui falando, àquelas palavras saltaram da minha boca, sem que eu pudesse conter, saíram todas as borboletas, todos os embrulhos, pareciam até mesmo rangidos, era assustador, a cara dele era assustadora, eu só poderia estar maluca, comecei a chorar, eu não deveria fazer aquilo, mas acima de tudo: eu não poderia me machucar ainda mais.

Virei às costas e fui embora, não era naquele instante que o amor iria sorrir para mim, eu não tinha sorte com sentimentos, eu era desajeitada demais. Ele não me seguiu como nos filmes e não me beijou, não me abraçou e aposto que nem passou pela cabeça dele em começar um romance comigo, mas eu não me arrependi, tirei os óculos, enxuguei as lágrimas e sorri, naquele momento eu me amava ainda mais, eu estava sendo corajosa, eu não segurava mais uma pedra em cima de mim, eu estava livre de pensamentos que pudessem me causar ilusões, eu estava livre de ser mais uma cheia de esperanças, mais uma sem amor próprio."