terça-feira, 7 de setembro de 2010

Mal-Me-Quer


"Eram 8 horas da manhã de um domingo qualquer.

Era verão e o Sol brilhava intensamente, abri a porta do quarto e fui até a cozinha com passos lentos, abri a geladeira e bebi água.

Aquele sonho me perseguia, Ele me perseguia.

Voltei para o quarto, coloquei o biquíni e como de costume não passei protetor, bela praia me esperava. Abri a porta de casa e como sempre me encantava com o jardim imenso que mamãe cultivava. Árvores, diversos tipos de folhagem e minha favorita: Bem-me-quer, Mal-me-quer. Arranquei duas e sai pelo portão, eu sabia exatamente que essa flor não diria nada sobre meu futuro e nem mesmo sobre meu presente, mas eu insistia em tirar pétalas e mais pétalas, para testar a minha sorte, que há tempos falhava comigo.

Eu tinha certeza que ele não me queria e aquilo sim era o fim do mundo. Era ruim vê-lo com outra, mas pior ainda era saber que ele nem por um instante me desejou.

Ele era mais velho, tinha cabelo de lado, estilo que até eu invejava. Aquele sorriso iluminava e sua altura era exatamente proporcional á ele.

Já eu, estatura média, gordinha demais, cabelo cacheado, olhos castanho, um sorriso legal e uma sinceridade fora do comum, nada que pudesse realmente ser aproveitado.

Droga de pensamentos, droga de coração, malditos dias repetitivos, eu estava cansada de me machucar. A praia era um belo lugar para deixar as preocupações de lado, ele era uma boa pessoa para me fazer esquecer os problemas, mas por que ele não estava ali? Por que eu não o encantava, o que ele realmente gostaria?

Nunca fui de largar minhas coisas, mudar de plano ou simplesmente mudar as ações, mas eu devia mandar-lo parar de perseguir meus sonhos e a melhor maneira de fazer isso era falando com ele. Levantei correndo, peguei minha toalha e fui caminhando até sua casa, não era tão longe, mas havia borboletas em meu estomago que me faziam para de vez em quando. Tudo embrulhava, fazia um barulho estranho, minhas pernas tremiam e tudo parecia girar, ele me deixava fora de mim, eu estava em outro planeta!

Naquele momento estavam passando em minha cabeça um turbilhão de palavras que eram capazes de estragar tudo, eu estava prestes a chegar naquela casa gigante, olhei pro lado e lá estava eu, boba, com palavras até mesmo saindo pelos olhos, aquilo não era normal.

Apertei a campainha com a mão suada, segundos depois ele apareceu, por que ele havia de ser tão lindo? Por que ele tinha que estar sem camisa?

Não esperei e logo fui falando, àquelas palavras saltaram da minha boca, sem que eu pudesse conter, saíram todas as borboletas, todos os embrulhos, pareciam até mesmo rangidos, era assustador, a cara dele era assustadora, eu só poderia estar maluca, comecei a chorar, eu não deveria fazer aquilo, mas acima de tudo: eu não poderia me machucar ainda mais.

Virei às costas e fui embora, não era naquele instante que o amor iria sorrir para mim, eu não tinha sorte com sentimentos, eu era desajeitada demais. Ele não me seguiu como nos filmes e não me beijou, não me abraçou e aposto que nem passou pela cabeça dele em começar um romance comigo, mas eu não me arrependi, tirei os óculos, enxuguei as lágrimas e sorri, naquele momento eu me amava ainda mais, eu estava sendo corajosa, eu não segurava mais uma pedra em cima de mim, eu estava livre de pensamentos que pudessem me causar ilusões, eu estava livre de ser mais uma cheia de esperanças, mais uma sem amor próprio."

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