quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Entre Teus Dedos



" Estava frio, estava com uma preguiça infinita, eu não queria levantar, eu não deveria levantar.

Era quinta-feira, prova de português incendiava meus pensamentos, destruía com todos os bons sonhos que eu havia planejado àquela manhã. Eu estava com medo de ir para a escola, medo de alguma coisa que eu pudesse encontrar lá, eu tinha amigos, bons amigos por sinal, mas algo faltava-me.

Não sei se era carinho, abraço ou ternura, eu precisava melhorar meu jeito. Meu jeito de andar, sorrir, pensar, agir e falar. Parecia mais uma depressão que me corroía aos poucos, ás vezes ela era meu melhor refúgio, ás vezes minha inimiga, eu não queria precisar dela, mas eu já havia criado um vínculo muito intenso para cortar as raízes de tal maneira.

Levantei da cama, escovei os dentes, desliguei a luz do banheiro e fui para a sala.
Peguei minha bolsa e fui rumo à porta, coloquei uma música não muito agradável no som do carro e segui pensando na vida e no quanto ela havia mudado nesses últimos 2 anos. Eu era uma pessoa totalmente diferente, eu havia mudado da cabeça aos pés sem nem mesmo perceber, as pessoas estavam mais bonitas, mas dificilmente me encantavam, parecia que eu já conhecia o truque dos humanos, eles não tinham mais graça, estava à procura de um ser que me surpreendesse e me conquistasse todos os dias. Como se fosse sempre a primeira vez.

Naquela mesma hora me toquei que estava presa à um paixão do passado.

'Eu me prendi entre teus dedos, quando peguei na tua mão, eu me tornei você tão cedo, quando senti teu coração, junto ao meu.'

Era Reação em Cadeia estreiando sua nova música, falava absolutamente tudo, eu deveria buscar outro abrigo, deveria descansar, buscar novos rumos. Precisava de um novo lar, deixar a luz do Sol entrar. Eu era uma rocha, eu era forte, resistente, dificilmente chorava e não deixava me abalar tão facilmente, anos de experiências e tardes de racaídas foram uma boa para aprender a lidar com situações dificeis como uma paixão do passado.

Eu já estava sonhando acordada, estava perdendo de admirar a beira-mar, mas quantas vezes eu deixei de admirar à mim mesma por motivos totalmente inúteis? Todos esses pensamentos eram a prova de que eu estava crescendo e precisava de bases para não cair, eu tinha bases, tinha amigos, tinha à mim mesma.

Entre Teus dedos eu já não estava mais perdida, havia soltado às mãos, aprendi que nunca se deve andar entrelaçada, pois o risco que você corre de cair é muito maior. "

Inutilia Truncat !





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