segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Para que tanto amor?

O relógio tiquetaqueava sem parar, eram cinco e meia da manhã e o sono não vinha. Sentei na cama e comecei a olhar-me no espelho, às vezes eu me achava realmente bonita, por outras vezes nem conseguia me olhar direito, me enojava com aquele cabelo volumoso e com aquelas coxas grandes demais. Naquela noite até mesmo minha sombra me irritava, se é que existia sombra naquela escuridão toda.

Fui ao banheiro com passos rápidos, sinceramente tinha a certeza de que eu era a pessoa que mais tinha medo do escuro, eu sentia arrepios estranhos e via vultos com freqüência atrás de mim, deveria ser loucura. Não sei por que a insônia me perseguia tanto, não havia motivos suficientes para eu perder o sono, eu tinha uma condição estável de vida, uma família linda, amigos maravilhosos, mas o problema mesmo era ter amor demais. Eu tinha o dom de amar as coisas e as pessoas com uma intensidade indescritível, aquilo era patético, por que machucava à mim e as pessoas ao meu redor.

Para que tanto cuidado com as pessoas? Se amanhã elas podem nem estar mais aqui? Por que evitar falar certas verdades quando elas mais precisam ouvir? Por que ser sempre bacana? Não é certo e muito menos necessário nos escondermos atrás de mascaras baratas. Chega uma hora em que é necessário perguntar a si mesmo para que tanto amor e cuidado com as coisas que não são suas. Somos ignorantes, sentimos falta de coisas que podemos ter a todo instante, queremos tanto dar valor as coisas pequenas que nem sequer valorizamos a nós mesmos.

Bando de gente sem visão da realidade. Um dia tudo termina um dia nós nos terminamos e seremos felizes em outros cantos. Ao virar a esquina eu posso não estar mais aqui. Ao terminar a quadra eu posso descobrir um novo mundo, novas formas de começar uma nova história, eu posso mudar, eu devo mudar.

São as mudanças que fazem nossas bases ficarem mais fortes, são as iniciativas que nos cercam de pessoas saudáveis e certas para continuarmos a viver.

Desliguei a luz do banheiro e liguei a luz do quarto, o sábado não estava começando muito bem, aquela dose de amor me invadia, às vezes me embrulhava o estomago como eu poderia ser tão boa? Por que eu não sentia vontade de matar as pessoas que já me fizeram mal? Por que as lágrimas escorriam sobre minhas bochechas sem motivos? Tomei um remédio e deitei na cama, apostava tudo que era mais seguro que eu estava variando em pensamentos novamente, isso já era rotina, suspirei no meu travesseiro, deitei de bruços e naquele momento a única certeza que eu tinha era de que amor em doses muito altas poderia fazer mal à um coração tão bom.

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