segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Caçador de Palavras


"Tinha minhas próprias dúvidas sobre aquilo que eu realmente escrevia ou queria escrever, tudo aquilo era muito dificil pra mim, eu tinha que ter ideias, pensamentos, teorias, tudo concreto em minha mente e o melhor era criar figuras de linguagem para montar todas essas alucinações ridiculas.

Eu era uma maluca pensante, queria crer que eu poderia criar minhas próprias teorias e delas tirar a origem da vida, ser o próprio Deus e acreditar que eu conseguiria viver somente de líquidos. Ah, que bom seria se pudessemos criar histórias, ilusões e viver delas.

Eu era absurdamente teimosa, tinha uma inteligência considerável, um pensamento fechado e combinações capazes de me fazer ter crises de identidade. Existiam momentos em que eu não sabia realmente quem eu era, eu caçava palavras, buscava tristezas, pendurava a felicidade, enforcava a esperança, por outras eu sabia exatamente o que queria e batalhava pelos meus sonhos, meus objetivos sem nem mesmo pensar me mudar o foco.

Eu era errante, haviam épocas em que eu não sabia que estava seguindo, eras em que meu ser era incapacitado de tomar decisões, eu era proibida de pensar por mim mesma. Eu não afogava minhas mágoas em pessoas, em coisas, em comidas e muito menos em bebidas, eu era meu próprio poço de afogamento. Era meu próprio refúgio quando procurava felicidade, eu era capaz de encontrar em mim tudo o que pessoas normais buscam uma nas outras.

Eu era a minha própria borracha mágica, haviam semanas em que eu me tornava a melhor pessoa mundo, outras eu era a vilã da minha história.

Eu sempre tive a capacidade de escrever e reescrever a minha vida, apagar, colocar parênteses, pontos finais, começar um novo parágrafo, acrescentar uma fala, destruir detalhes sórdidos, naquele momento e em todos os outros eu era a caçadora de palavras dos meus textos inacabados, a escritora de poesias inexistentes, a criadora de artigos sem nexo e a autora de mais uma redação sem potência alguma."

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