sábado, 23 de julho de 2011

Infância;

Era naquela época em que um 'não' do pai e da mãe doía muito mais do que um 'não' do garoto que a gente gostava, era naquele tempo em que o cabelo das bonecas era muito mais valioso do que o sorriso daquele garotinho bonito, um ano mais velho.
Os brinquedos eram melhores do que um abraço e quando meninos e meninas chegavam perto era tão cafona. Os joelhos ralados doíam muito mais do que quando o guri que você gostava não dava bola, aliás você ainda tinha os brinquedos, e até a professora pra te dar um abraço.

A escola era o lugar em que você ia pra se divertir e teus colegas eram todos bons, não havia a mais popular, nem o nerd, nem o fundão. Todos brincavam juntos, a ingenuidade ainda reinava e mentiras não existiam no vocabulário. As festinhas eram apenas de aniversário, com salgadinho e bastante refrigerante, a coisa que mais nos deixava malucos eram as músicas ou o balão surpresa.
O que nos deixava acordado durante a noite não era a prova no outro dia, ou o garoto lindo mas, sim o bicho papão no guarda-roupa, nossos pedidos ao papai do céu eram bicicletas, bonecas e não proteção enquanto não estivéssemos por perto, amigos eram imaginários e abraços somente da mamãe. Planos somente para as férias, nunca para um futuro distante.

Depois de uma idade (não sei qual), as coisas mudam, seus olhos mudam, seus objetivos, a cor da pele, do cabelo e o jeito de andar, depois de um período até o jeito como você penteia os cabelos muda. Você fala, alguns não dão ouvidos, você chora e o mundo continua girando, você grita, você corre, você abraça, você se apaixona, e o mundo? Ele continua girando!
Você cria afinidades, inimigos, amigos, grupos, você cria expectativas, momentos, sonhos, imagens, você conquista pessoas, sentimentos, cria confiança, amor, honestidade e o mundo continua girando, não por que você quer, aliás, se você quisesse o mundo pararia em todos os momentos em que você sorria ou sorri. A vida é injusta, esqueceram de contar isso na infância, onde tudo parecia mais fácil do que realmente é, e você assim como todas as vezes viveu de ilusão, viveu dos sonhos ou de objetivos, já que você queria ser médica, professora, advogada, bailarina e astronauta.
Você também queria ajudar o próximo, e depois de um tempo resolveu ajudar à si mesma, não por egoismo mas por amor próprio, AMAR-SE por dentro e por fora como se ninguém fosse melhor do que ninguém, e mostrar a realidade para as pessoas, mesmo que isso machuque, mesmo que a verdade não exista, mesmo que nada exista nesse mundo, apenas mostre! Existem pessoas que só precisam ser amadas, um abraço, um beijo, ou 'tudo vai ficar bem' mesmo que o mundo esteja na merda, foda-se os outros, satisfeitos?
A infância traz pra você valores e caráter, e a vida te ensina na prática como usá-los. Na marra você perde pessoas, destrói confianças e com o tempo constrói novos muros e jornadas. Você leva na bagagem lembranças que ninguém apaga, memórias que te mantém em pé e pessoas que te dão o braço e se necessário a perna.

Esqueceram de apontar teus erros na infância e de dizer à você para melhorá-los, esqueceram de te abraçar quando você estava errada e depois te dar um castigo, para alguns esqueceram da verdade e para outros esqueceram do amor. Alguém ai pode me dizer aonde é que estão as pessoas de verdade? Não por rebeldia ou por revolta, mas por amor próprio, cadê as pessoas que lutam? Eu só vejo seres humanos tentando cruzar uma linha de chegada, e não importa como ou onde, eu só os vejo passando por cima e fazendo com que os verdadeiros virem tapete, eu não queria isso na minha Infância, você queria? Foi isso que esqueceram de nos contar, depois daquela idade o objetivo real das pessoas não é viver, é cruzar a linha de chegada e o prêmio?

Bem, isso também não me contaram, mas talvez seja morrer!

Um comentário:

  1. Acho que você vai se identificar um pouco com isso:

    Disfarcei meus ciúmes, amaciei minhas mágoas. Sua voz me tranqüilizara, teu sexo me domava. Fiz como pude e como não pude. Do seu jeito fui levando, algumas vezes amor próprio me faltou, mas eu só queria seu amor. Por inúmeras vezes te amava mais do que o tudo. E pergunto: E você? O quê? Armei sua lona, fiz seu circo , pintei seu mundo. Fiz de você meu primeiro. Usei suas cores, anulei as minhas. Aceitei suas verdades intactas, anulei as minhas. E você amor? O quê? O quê você fez? Despedacei meu ego, levantei nossa bandeira. Me julguei egoísta, fui contra a seu favor. Chorei, chorei, chorei até faltar vazio em mim. Fui no fundo, no profundo do meu âmago. Pra merecer teus carinhos, teus gemidos, tua língua, teu prazer, teu sorriso, tua atenção, teu apreço. Pra me sentir mulher, me fiz criança. Fiz pirraça, cena, novela. Decorei um texto pra nada dar errado. Abri a mente, fiz preces, fantasiei um mundo. Amei teu corpo, teu jeito, teu cheiro,tua sombra, abri meu peito acreditei na gente. Desconfiei muito, mas confiei demais. E você amor? O quê ? Ouviu minha canção? Abriu o peito? Cortou seus cabelos? Trocou de canal? Falou “aquela” frase? Fez planos pra mim? Escolheu um filme pra nós dois? Foi minha companhia para todos os momentos? Foi a um show? Usou “aquela” blusa? Amou-me de verdade? Pensou em mim? No que construímos? No que alcançamos? Tudo um dia tem fim. Tudo na vida tem volta. Tranqüilo você pode ficar, riscos de amar sem ser amado, você não há de correr não. Amor de verdade você não sabe diferenciar. Dizer que vou ser feliz agora? Quem sabe? Dizer que você vai se dar bem? Tomara! Aprendizados são pra vida toda, mas amor unilateral na vida da gente uma só vez é suficiente.

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