domingo, 3 de outubro de 2010

Egoísmo

Eu tinha uma fatia de bolo enorme e odiava dividi-lá com alguém, tinha mil roupas e odiava emprestá-las, alguns óculos sobrando, livros e mais livros nas prateleiras e muita comida na geladeira. Eu não gostava nem se quer de pensar na hipótese que um dia eu teria que doar isso ou consumir, eu queria tudo, tudo, tudo. Como eu conseguia ser tão egoísta?

Queria sentimentos, sentidos, habilidades, inteligência, eu não tinha a capacidade de ter tudo isso, mas e o que isso me importava pessoas egoístas não pensam se podem, elas querem e só isso realmente interessa.

Eu andava de um lado para o outro e não ficava tonta, aquilo não me causava nenhuma reação, mas por dentro eu estava sendo corroída, como se eu tivesse tomado algum tipo de produto ultra tóxico, eu pensava somente em mim mesma 24 horas por dia, eram em sonhos, futuro, sentimentos, capacidades e convivência, isso afetava as pessoas, incomodava o necessário para que eu tivesse momentos de solidão.

Olhava as fotografias ao meu redor, épocas em que as coisas pareciam mais fáceis, em que eu pensava na dor dos outros, em agir pelos outros, em querer ser agradável, mas agora as coisas ficaram mais simples e rápidas, eu era o que eu queria e isso bastava, as pessoas não tinham muito a ver com esse novo ser.

Eu tentava acumular sentimentos, mas não sabia onde colocá-los, explodiam pelos olhos e saiam pelos ouvidos e quando eram demais eu os pisoteava, que emoção, que euforia. Eu também era ruim, muito ruim, só qualidade ótimas invadiam minhas veias com a velocidade da luz, agora eu só precisava matar cada um que atravessava meu caminho de maneira errada, mas pensando bem eu ainda tinha um coração que batida aceleradamente quando coisas boas aconteciam, eu ainda tinha vontade de ser boa, eu ainda queria voltar a ser como antes, pena que as coisas não andam para trás!

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