domingo, 31 de outubro de 2010

Olhar amedrontado


Aquele capuz azul em minha cabeça abafava os piores pensamentos de sair matando todos à minha volta, a música alta tinha o poder de conter o choro, aquela escuridão na rua era a melhor coisa que poderia ter acontecido, meus olhos afogados de lágrimas não apareceriam e isso parecia ser uma boa solução para algum dos meus problemas menores.

O barulho que o ônibus fazia impedia das pessoas de escutar os meus soluços, naquela hora a única vontade que eu tinha era de pular pela janela e sair voando, escutar coisas boas seria a saída, mas as pessoas não estavam a fim de falar, no fundo as pessoas nunca se importam com problemas sentimentais alheios. Eu olhava pro lado e via pessoas dormindo, outras liam um livro com uma capa amassada, na minha frente haviam pessoas com fones de ouvido e outras com um olhar ainda mais distante do que o meu, isso parecia me assustar até lembrar o por que de eu estar daquele jeito tão deprimente, chorei um pouco mais.

Desidratei por cinco minutos e me recompus, mesmo achando que me recompor seria a pior coisa a fazer, eu queria inchar meus olhos, gritar, gritar mais alto até que um abraço reconfortante demais chegasse em meus braços, poderia ser o abraço de uma pessoa específica se isso não fosse um pouco impossível. Poderia ser um beijo na testa ou um simples olhar, aquilo simplesmente me deixaria muito mais calma, nem o vento forte era capaz de fazer com que aquele pensamento de perda saisse voando de mim.

Eu tinha medo, sem razões muito menos objetivos aquilo me corroía, roía-me por dentro e por fora e isso era visivel até mesmo aos olhos da pessoa mais indiferente, o medo me causava um tipo de dor que saia da raiz do meu cabelo até a ponta do meu dedo do pé, odiava me sentir daquele jeito, odiava não conseguir conter o choro, isso não era o problema, na verdade, nem sei se haviam mesmo verdadeiros problemas, meu olhar havia mudado, meus pensamentos e até mesmo o modo pelo qual meu coração batia.

Meu coração estava batendo novamente, isso era um bom sinal era sinal de que sentimentos verdadeiramente bons não morrem com o tempo, só mudam de pessoa para pessoa, muda a forma como você sente e a intensidade do medo de perder, muda a forma como você corre e o desejo de estar perto, mas o sentimento continua intacto esperando para que você o use de uma forma tão adequada que seus olhos não precisem de lágrimas e seu caminho não precise de insegurança, mas como todo bom amor tem seus problemas, esse não tem estado tão difrente ♥

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