domingo, 26 de dezembro de 2010

Deserta


'Era madrugada e eu estava me sentindo mais sozinha do que.. nunca. A noite era fria, o programa na televisão era desgastante, o filme na tv a cabo era de dar nojo, as músicas na rádio não serviriam para aquele momento, as pessoas online no msn não seriam capazes de me entender e o volume do notebook deveria ser mantido baixo, para eu me acalentar no silêncio. A televisão agora estava no mudo e o único barulho que eu tinha o dom de escutar era do vento soprando muito lá fora. Eu buscava refúgios em letras de música, em blogs perdidos na internet, em horóscopo, e até mesmo em conselhos perdidos que eu recebia de algumas pessoas bastante confiáveis.

Eu estava perdida, passageira, avoada. Eu era arrastada da sala para o banheiro de 20 em 20 minutos por que aquela ansiedade me dava dores de cabeça e enjoos irregulares, pensei em tomar um copo de água gelada, um suco, um leite quente, comer uma fruta e até mesmo um chocolate, mas aquilo só pioraria minha situação, eu não queria nada que fosse digestivo e chegasse ao meu estomago, nada naquela hora era bem-vindo senão uma palavra de consolo: tudo vai ficar bem. Ao contrário disso, eu sabia que as coisas estavam indo para um lugar que eu desconhecia, que as pessoas não estavam concordando com boas noticias e eu deveria lutar um pouco mais para chegar na linha final.

Eu já não havia lutado o bastante? Teria que partir agora para agressão física? Os sentimentos já não haviam sido arranhados demais? Eu não era digna de tanta insegurança e eu não sabia se ainda haviam forças dentro de mim para pegar a granada e lutar por mais 5 minutos é quando você se sente assim que você sabe o quanto ainda tem pela frente. E que venham mais batalhas! Decifra-o, invada-o, entre na dança em que ele esta lhe propondo pois a coisa mais difícil pode ser entendê-lo, mas a coisa mais fácil é perdê-lo. Essas palavras entraram pelos meus olhos e terminaram de rasgar o resto do meu coração. O havia sido aquilo? Um aviso, uma súplica ou um conselho? Eu não poderia desistir agora no meio do caminho, eu estava dando grandes passos e a solidão não era minha melhor amiga.

Deitei de bruços no sofá e fiz um bico. Não resisti e conectei-me à uma música calma, abaixei a cabeça e deixei que terminassem as minhas cotas de lágrimas, pois esperança era a última coisa que eu teria naquele momento. Alguém bombava dentro de mim pensamentos ruins e negativos como era de prachê. Não sei por que me afetava tanto, mas ia lá dentro, lá no fundo e arrancava todas as lembranças boas com um simples toque de varinha se merecesse o segundo nome: condão. Levantei rápido e decidi dormir.

Fui até a cozinha, meu estomago doía, eram fisgadas, beliscões, as borboletas lá dentro haviam virado piranhas. Abri a geladeira, com a força que ainda me restava, inclinei-me e peguei um copo de suco de abacaxi, um ácido, que beleza! Enchi o copo e guardei o que havia sobrado. Encostei-me na pia e comecei a falar sozinha como de costume. ' Descobri que você é impossivel, inalcançável e que terei que lutar muito por você ainda.'
' Que somos diferentes, mas eu posso dar um jeito nisso, pois te amo e aposto em você todas as minhas fichas.'
Eram palavras ensaiadas e doloridas, mas que me davam uma certa segurança no final da noite. Terminei de tomar e fui em direção ao quarto, sentei no escuro e comecei a falar cada vez mais alto e de um jeito revoltado, palavras que faziam tanto sentido que a cota de lágrimas havia se renovado e estava ali, brotando de lugares em que nem se quer havia água. Eu me afogava nas mesmas e não perdia o fôlego.

Desabafar para mim mesma sempre foi a solução quando a maioria das pessoas desconhece o meu medo e não sabem exatamente o que eu queria ficar sabendo. Dar-me conselhos e analisar situações sempre foi a alternativa quando as possibilidades são poucas e ninguém é capaz de entender o que você está sentindo.

'Há males que vem para o bem...'

E que assim seja!

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